Os
mamíferos (do
latim científico Mammalia) constituem uma
classe de
animais vertebrados, que se caracterizam pela presença de
glândulas mamárias que, nas fêmeas, produzem
leite para
alimentação dos
filhotes (ou crias), e a presença de
pêlos ou
cabelos. São animais
endotérmicos, (ou seja, de temperatura constante, também conhecidos como "animais de sangue quente"). O
cérebro controla a temperatura corporal e o
sistema circulatório, incluindo o
coração (com quatro câmaras). Os mamíferos incluem 5 416 espécies (incluindo os
seres humanos),
distribuídas em aproximadamente 1 200 gêneros, 152 famílias e até 46
ordens, de acordo com o compêndio publicado por Wilson e Reeder (2005).
Entretanto novas espécies são descobertas a cada ano, aumentando esse
número; e até o final de 2007, o número chegava a 5 558 espécies de
mamíferos.
Características
O marco inicial para o reconhecimento científico dos mamíferos como grupo foi a publicação por John Ray (1693) da obra "
Synopsis methodica animalium quadrupedum et serpentini generis". Onde inclui uma divisão dos animais que possuem
sangue, respiram por
pulmão, apresentam dois
ventrículos no
coração e são
vivíparos. Tal definição ainda hoje se mantem válida, lembrando-se que à época os
monotremados não eram conhecidos.
Carolus Linnaeus (1758) com a décima edição do
Systema Naturae, cunha o termo
Mammalia para o qual a definição é essencialmente aquela apresentada por Ray.
Mãe amamentando seus filhotes
E. R. Hall (1981) caracterizou a classe
Mammalia como: "sendo especialmente notáveis por possuírem
glândulas mamárias que permitem à fêmea nutrir o filhote recém-nascido com
leite; presença de
pêlos, embora confinados aos estágios iniciais de desenvolvimento na maioria dos
cetáceos; ramo horizontal da mandíbula é composto por um único
osso; a mandíbula se articula diretamente com o
crânio sem intervenção do
osso quadrado; dois côndilos occipitais; diferindo das
aves e
répteis por possuírem
diafragma e por terem hemácias anucleadas; lembram as
aves e diferem dos
répteis por terem
sangue quente, circulação diferenciada completa e quatro câmaras cardíacas; diferem dos
anfíbios e
peixes pela presença do
âmnio e
alantóide e pela ausência de
guelras".
Muitas das características comuns aos mamíferos não aparecem nos outros animais. Algumas delas, porém, podem ser observadas nas
aves
– uma alta taxa metabólica e níveis de atividade ou complexidade de
adaptações, como cuidado pós-natal avançado e vida social, aumento da
capacidade sensorial, ou enorme versatilidade ecológica. Tais
características semelhantes nas duas
classes sugerem que tais adaptações são homoplasias, ou seja, se desenvolveram independentemente em ambos os grupos.
Outras características mamalianas são
sinapomorfias dos amniotas, adaptações partilhadas por causa do ancestral comum. Os amniotas, grupo que inclui
répteis,
aves e mamíferos, são
vertebrados terrestres cujo desenvolvimento embrionário acontece sobre proteção de membranas fetais (
âmnio,
cório e
alantóide). Entres as características herdadas se encontram aumento do investimento no cuidado das crias,
fertilização interna, derivados queratinizados da
pele,
rins metanefros com
ureter específico, respiração pulmonar avançada, e o papel decisivo dos
ossos dérmicos na morfologia do
crânio. Ao mesmo tempo, os mamíferos compartilham grande número de características com todos os demais
vertebrados, incluindo o plano corpóreo,
esqueleto interno, e mecanismos homeostáticos (incluindo caminhos para regulação neural e hormonal).
Os mamíferos exibem também características exclusivas, chamadas de
autapomorfias. Essas características únicas servem para distinguir e diagnosticar claramente um
táxon. Entre as principais autapomorfias da classe
Mammalia!!!
Diversidade
Os mamíferos apresentam um número relativamente pequeno de
espécies se comparado com as
aves (9 600) ou com os
peixes (35 000), e até insignificante se comparado com os
moluscos (100 000) e os
crustáceos e
insetos (10 000 000). Seus números estão mais próximos aos
répteis (6 000) e aos
anfíbios
(5 200). Entretanto, na diversidade corpórea, tipos locomotores,
adaptação ao habitat, ou estratégias alimentares, os mamíferos excedem
todas as demais classes.
O tamanho corpóreo dos mamíferos é altamente variável, sendo seus extremos a
baleia-azul (
Balaenoptera musculus) com 30 metros de comprimento e chegando a pesar 190 toneladas, o maior mamífero já existente; o
elefante africano (
Loxodonta africana) com 3,5 metros de altura (até os ombros) e 6,6 toneladas, o maior mamífero terrestre atual; e o
musaranho-pigmeu (
Suncus etruscus) e o
morcego-nariz-de-porco-de-kitti (
Craseonycteris thonglongyai) com cerca de 3-4 centímetros de comprimento e até 2 gramas de peso, os menores mamíferos até hoje descobertos.
[editar] Distribuição geográfica
Os mamíferos estão distribuídos praticamente em todas as regiões do globo terrestre, incluindo a
Antártida, onde
focas são encontradas na sua zona
costeira. No polo norte, têm sido encontrados
ursos-polares (
Ursus maritimus) até 88°N e
focas-aneladas (
Phoca hispida) têm alcançado as vizinhanças do
Pólo Norte.
Mamíferos são encontrados em todos os continentes remanescentes, em
praticamente todas as ilhas, e em todos os mares e oceanos da
Terra.
Mamíferos marinhos podem ser encontrados a uma profundidade de até
1000 metros, enquanto mamíferos terrestres podem ser vistos do nível do
mar até elevações acima dos 6500 metros. Eles estão distribuídos em
todos os
biomas, incluindo
tundra,
desertos,
savanas e
florestas.
Espécies de várias famílias têm se adaptado ao modo de vida aquático em
pântanos,
lagos e
rios. Eles estão presentes, tanto abaixo da superfície terrestre, no caso de animais
subterrâneos
e escavadores, quanto acima dela, nos galhos das árvores no caso dos
animais arbóreos, ou nos céus, através do vôo, no caso dos
morcegos.
A distribuição geográfica dos mamíferos é muito variada. A ordem
Tubulidentata, cujo único representante é o
porco-da-terra (
Orycteropus afer) é endêmica da
África. Os
monotremados (
ornitorrinco e as
equidnas) e quatro ordens de marsupiais (
Dasyuromorphia,
Notoryctemorphia,
Peramelemorphia,
Diprotodontia) estão confinados à região australiana. Duas ordens de marsupiais (
Paucituberculata e
Microbiotheria) são encontradas somente numa área restrita da
América do Sul. As duas maiores ordens,
Rodentia e
Chiroptera, ocorrem naturalmente em todos os continentes, exceto Antártida, e foram os únicos a terem alcançado muitas ilhas oceânicas.
Artiodátilos e
carnívoros ocorrem em todos os continentes, exceto Antártida e
Austrália, embora representantes de ambos tenham sido introduzidos na
Austrália. Os
cetáceos e os pinipédios são os grupos mais amplamente distribuídos pelo planeta.
Variação similar ocorre no nível de família e espécie. Nenhuma
espécie de mamífero é naturalmente cosmopolita, ou seja, ocorra em todo o
mundo, embora algumas espécies tenham uma ampla distribuição cobrindo
vários continentes. O
lobo (
Canis lupus) e a
raposa-vermelha (
Vulpes vulpes) são os animais terrestres mais amplamente distribuídos cobrindo grande parte do Hemisfério Norte. No
Novo Mundo, a
onça-parda (
Puma concolor) apresenta a maior distribuição, ocorrendo do
Canadá ao
Chile.
No outro extremo, certas espécies possuem distribuição restrita, não
passando de poucos quilômetros quadrados, como por exemplo, a
toupeira-dourada da
África do Sul.
Outros mamíferos apresentam uma distribuição descontínua. Ela pode ser natural, como é o caso da
lebre-da-eurásia (
Lepus timidus) que habita as regiões polares e boreais da
Eurásia, mas uma população é encontrada nos
Alpes, uma relíquia da última era glacial. Ou pode ser um fenômeno induzido pelo homem, como no caso do
leão (
Panthera leo), que atualmente é encontrado em partes da leste e sul da
África e na
Índia, mas que já habitou o norte da
África,
Oriente Médio, sul da
Europa e sul da
Ásia, e até mesmo a
América do Norte, no final do
Pleistoceno.
A diversidade e a riqueza da fauna mamífera são influenciadas por
diversos fatores complexos combinados, entre eles, a história evolutiva,
o grau de isolamento e a complexidade do habitat.
[editar] Morfologia e Anatomia
[editar] Sistema esquelético-muscular
No
crânio dos mamíferos, os
ossos dérmicos, originalmente formados na calota craniana, cresceram ao redor de todo o
encéfalo, fechando completamente a caixa craniana. Os
ossos que formam a extremidade inferior da abertura temporal dos
Synapsida são curvados até o arco zigomático.
A
mandíbula dos mamíferos é formada por um único
osso, o dentário, em contraste à
mandíbula de
ossos múltiplos dos demais
vertebrados mandibulados. O dentário se articula diretamente com o
osso esquamosal, um
osso dérmico do
crânio. A articulação mandibular dos demais
vertebrados é formada pelo quadrado, no
crânio, e pelo articular, na maxila inferior. Nos mamíferos, estes
ossos se juntaram ao
estribo, resultando em uma
orelha média com três
ossos, único a estes animais.
Os mamíferos são os únicos a possuírem
músculos de expressão facial, os quais são derivados dos
músculos do pescoço dos
répteis e inervados pelo sétimo nervo craniano.
A dentição dos mamíferos é dividida em diversos tipos de
dentes, ou seja são heterodontes:
incisivos,
caninos,
pré-molares e
molares. A maioria dos mamíferos possui dois conjuntos de dentições em suas vidas (difiodontia). O primeiro conjunto – os
dentes de leite – consiste somente de
incisivos,
caninos e
molares decíduos, embora a forma destes seja bem parecida com a dos
molares permanentes no adulto. A dentição adulta permanente consiste do segundo conjunto de
dentes
originais, os permanentes, com erupção posterior. Os mamíferos são os
únicos animais que mastigam e engolem um discreto bolo alimentar. Os
térios possuem tipos únicos de
molares, chamados de tribosfênicos.
Diferentemente da postura reptiliana, os mamíferos apresentam uma
postura ereta, com os membros posicionados sob o corpo. Entretanto, a
postura altamente ereta dos mamíferos familiares, tais como os
gatos,
cachorros e
cavalos é derivada; o movimento de um animal como o
gambá, provavelmente, representa a condição primitiva dos mamíferos.
Os mamíferos apresentam uma articulação do tornozelo diferenciada, cujo ponto de movimento está entre a
tíbia e o
astrágalo. Na cintura pélvica, o
ílio tem forma de barra e é direcionado para frente, e o
púbis e o
ísquio são curtos; todos são fundidos num único
osso, chamado de
pelve. O
fêmur apresenta um trocânter distinto sobre o lado lateral proximal, para a ligação dos
músculos dos
glúteos, que dão aos mamíferos extremidades arredondadas.
Com poucas exceções, todos os mamíferos possuem sete
vértebras cervicais – peixes-boi (
Trichechus spp.) e o
bicho-preguiça-de-dois-dedos (
Choloepus hoffmanni) possuem seis
vértebras, e o
bicho-preguiça-de-três-dedos (
Bradypus variegatus), possui nove. Eles também apresentam um complexo
atlas-
áxis,
único e especializado, nas duas primeiras vértebras cervicais. Podendo
rodar suas cabeças de duas formas: na maneira tradicional, de cima para
baixo, na articulação entre o
crânio e o atlas; e de maneira mais derivada, de lado a lado, na articulação entre o atlas e o áxis.
Os mamíferos restringiram as
costelas às vértebras mais craniais (
torácicas)
do tronco. As costelas lombares apresentam conexões zigapofiseais, as
quais permitem a flexão dorso-ventral. A capacidade de mover a
coluna vertebral
de maneira dorso-ventral, nos mamíferos, pode estar relacionada com sua
habilidade de deitar sobre o lado de seus corpos, algo que os demais
vertebrados
não conseguem realizar facilmente. Esta habilidade pode ter sido
importante na evolução da amamentação, com mamilos posicionados
ventralmente.
[editar] Sistema cardiovascular
O
coração
dos mamíferos difere dos demais amniotas ectotérmicos por possuir um
septo ventricular completo e somente um arco sistêmico, embora o arco
duplo original seja aparente durante o desenvolvimento. Uma condição
similar é observada nas aves, mas ela claramente surgiu convergentemente
nos dois grupos, pois é o arco sistêmico esquerdo que é retido (como a
aorta única) nos mamíferos, e o arco direito nas
aves.
Os
monotremados retêm um pequeno sino venoso como uma câmara distinta, os
térios incorporaram esta estrutura ao
átrio direito, como o
nodo sinoatrial, o qual age como o marca-passo do
coração.
Os mamíferos também diferem dos demais vertebrados quanto à forma de seus
eritrócitos (glóbulos vermelhos ou hemáceas), os quais não possuem núcleos na condição madura.
[editar] Sistema respiratório
Os mamíferos apresentam
pulmões grandes e com lobos, de aparência esponjosa devida à presença de um sistema de ramificações delicadas dos
bronquíolos em cada
pulmão, terminando em câmaras fechadas de paredes finas (os pontos de trocas gasosas), chamadas de
alvéolos.
A presença de uma estrutura muscular, o
diafragma, exclusiva dos mamíferos, divide a cavidade peritoneal da cavidade pleural, além de auxiliar as costelas na
inspiração.
[editar] Sistema nervoso e órgãos do sentido
Os mamíferos possuem
encéfalos
excepcionalmente grandes entre os vertebrados, os quais evoluíram em
caminhos, de certa forma, independentes dos demais amniotas. Em seus
sistemas sensoriais os mamíferos são mais dependentes da
audição e da
olfação do que a maioria dos tetrápodes, sendo menos dependentes da
visão.
A porção aumentada dos hemisférios cerebrais dos mamíferos, o
neocórtex, ou neopalio, é formada de forma única. A porção dorsal do
córtex
é aumentada para a formação do neopalio (enquanto os sauropsídeos
aumentam a porção lateral), apresentando uma estrutura laminada
complexa. Em mamíferos mais derivados, o neopalio domina todo o encéfalo
rostral e se torna altamente invaginado, o que aumenta muito a área de
superfície.
Outras características únicas do encéfalo mamaliano incluem lobos ópticos divididos na região mediana, um
cerebelo
não-invaginado, e uma grande representação da área para o sétimo nervo
craniano, a qual está associada com o desenvolvimento da musculatura
facial.
O cérebro dos mamíferos conta ainda com o
sistema límbico, responsável pelas emoções e sentimentos.
O apurado senso de olfato da maioria dos mamíferos está,
provavelmente, relacionado ao seu comportamento noturno. Os receptores
olfatórios estão localizados em um epitélio especializado, sobre os
ossos nasoturbinados no nariz. O
bulbo olfatório é uma porção proeminente do
encéfalo em muitos mamíferos, mas os
primatas
apresentam um bulbo pequeno e pouco sentido de olfação, provavelmente
associado a seus hábitos diurnos. O senso de olfato também é reduzido,
ou ausente, nos
cetáceos, em associação com sua existência aquática.
Os mamíferos apresentam uma
orelha média mais complexa do que a dos demais tetrápodes. Ela contém uma série de três ossos (
estribo,
martelo e
bigorna), em vez de um único osso.
Diversas outras características dos mamíferos térios também
contribuem para o aumento da acuidade auditiva. Estas incluem uma longa
cóclea, capaz de uma discriminação maior de tons. Além disso, a
orelha externa,
ou aurícula, ajuda a determinar a direção do som. A orelha, em conjunto
com o estreitamento do meato auditivo dos mamíferos, concentra sons
oriundos de uma área relativamente grande. A maioria dos mamíferos é
capaz de mover a aurícula para captar sons, embora os
primatas
antropóides não apresentam tal característica. A sensibilidade auditiva
de um mamífero terrestre é reduzida se as aurículas são removidas.
Mamíferos aquáticos utilizam sistemas inteiramente distintos para ouvir
sob a água, tendo perdido ou reduzido suas orelhas externas. Os
cetáceos, por exemplo, utilizam a maxila inferior para canalizar ondas sonoras a orelha interna.
Os mamíferos
evoluíram como animais
noturnos, para os quais a sensitividade
visual (formação de
imagens sob pouca
luz) era mais importante do que a
acuidade (formação de imagens precisas). Os mamíferos possuem
retinas compostas, primariamente, de
células bastonetes, as quais apresentam uma grande sensibilidade à luz, mas são relativamente fracas para uma visão acurada.
A maioria dos mamíferos apresenta um
tapetum lucidum bem desenvolvido, o qual constitui uma
camada refletora por trás da retina, fornecendo uma segunda chance para que um
fóton de luz estimule uma célula receptora. Este tapeto provoca o
brilho nos olhos que você observa quando aponta uma lanterna em direção a um
gato ou a um
cão. O tapeto é mais desenvolvido em mamíferos noturnos, e foi perdido nos
primatas antropóides diurnos, incluindo os
humanos.
[editar] Sistema integumentário
Em muitos aspectos, a cobertura externa dos mamíferos é a chave para
seu modo único de vida. A variedade de tegumentos dos mamíferos é
enorme. Alguns roedores possuem uma epiderme delicada, com apenas
algumas células de espessura. Já os elefantes têm diversas centenas de
células de espessura. A textura da superfície externa da epiderme também
varia, desde a lisa (cobertas ou não por pêlos) até as rugosas, secas e
enrugadas.
Apesar do tegumento mamífero se parecer com o dos demais vertebrados,
quanto a sua forma, com camadas epidérmicas, dérmicas e hipodérmicas,
há também componentes únicos. Ele apresenta pêlos, glândulas sebáceas,
glândulas apócrinas, glândulas sudoríparas, e estruturas derivadas da
queratina, como unhas, garras e cornos.
Os pêlos têm uma variedade de funções incluindo a camuflagem, a comunicação e a sensação (tato), por meio das
vibrissas (= bigodes). Entretanto, a função básica dos pêlos é a proteção contra o calor e o frio.
As estruturas secretoras da pele se desenvolvem a partir da epiderme.
Há três tipo principais de glândulas de pele nos mamíferos: as
sebáceas, as apócrinas e as écrinas. Exceto pelas écrinas, as glândulas
da pele estão associadas aos folículos pilosos e a secreção em todas
elas se dá sob o controle neural e hormonal.
As glândulas sudoríparas comuns dos humanos não parecem ser um traço
mamaliano primitivo, visto que a maioria dos mamíferos não termorregulam
por meio da secreção de fluidos pela pele. As glândulas sebáceas são
encontradas em toda a superfície do corpo. Elas produzem uma secreção
oleosa que lubrifica e impermeabiliza o pêlo e a pele. Glândulas
apócrinas apresentam uma distribuição restrita na maioria dos mamíferos,
e suas secreções parecem ser utilizadas na comunicação química.
Muitos mamíferos possuem glândulas de odor especializadas, as quais
são modificações das sebáceas ou das apócrinas. A marcação por odor é
usada para indicar a identidade do animal e para definir territórios.
Glândulas de odor são posicionadas em áreas do corpo que permitem o
contato fácil com os objetos, tais como a face, o queixo e os pés.
Glândulas écrinas produzem uma secreção aquosa com pouco conteúdo
orgânico. Na maioria dos mamíferos, estão restritas às solas dos pés, às
caudas preênseis e a outras áreas em contato com superfície do meio
ambiente, nas quais elas melhoram a adesão ou a percepção táctil.
Glândulas mamárias
possuem uma estrutura de ramificação mais complexa do que a das demais
glândulas de pele. Elas possuem diversas características básicas em
comum com as glândulas apócrinas e sebáceas, entretanto são altamente
especializadas.
As estruturas queratinizadas da pele são variadas, algumas estão
envolvidas na locomoção, nas ofensivas, na defesa e na apresentação,
como as unhas, as garras e os cascos; outras na proteção, como as placas
dérmicas; outras na alimentação, como o bico córneo do ornitorrinco.
[editar] Origem e evolução
[editar] História evolutiva
-
Os mamíferos são os atuais descendentes dos sinapsídeos, o primeiro
grupo bem estabelecido de amniotas que surgiu no Carbonífero Superior.
Os sinapsídeos apresentavam várias características mamíferas,
notadamente a existência de uma única fossa temporal de cada lado do
crânio e a diferenciação de dentes molares, mas no essencial, a sua
anatomia manteve-se tipicamente reptiliana, com membro transversais,
coanas e uma pequena cavidade neurocraniana.
A classe Sinapsida compreendia duas ordens: a Pelicosauria, um grupo mais primitivo; e a
Therapsida,
chamada também de répteis mamalianos evoluídos, que representam a
transição para os verdadeiros mamíferos. Dentro da última, encontram-se
os cinodontes, grupo que serviu de transição entre os répteis e os
mamíferos. Nos
cinodontes
observam-se vários traços mamalianos, como a fossa temporal aumentada, o
número de ossos que forma a parte superior do crânio é reduzido,
diferencia-se o palato secundário, a parede do neurocrânio modifica a
sua organização, e os dentes tornam-se cada vez mais complexos e
especializados.
Os primeiros mamíferos, ou mamaliformes como são tipicamente conhecidos, apareceram no período
Triássico.
Durante todo o restante da era Mesozóica, estes primitivos mamíferos,
conhecidos em sua maioria por poucos esqueletos e de considerável número
de crânios, mandíbulas e dentes, foram animais de tamanho diminuto e
ecologicamente insignificantes. Entretanto, sua contribuição foi
especialmente importante para a evolução, pois foi durante o final do
Jurássico e início do Cretáceo que estes animais estabeleceram as
características básicas mamíferas que levaram a uma tremenda variedade
de formas que viveram durante a era Cenozóica.
Houve dois grandes períodos de diversificação mamaliana durante a era
Mesozóica. O primeiro, englobando o final do Triássico e o Jurássico e
estendendo-se pelo Cretáceo Inferior, produziu formas de transição do
estágio reptiliano para o mamífero, conhecidas como mamaliformes, que em
sua maioria, não sobreviveu além da era Mesozóica. A segunda radiação, a
qual ocorreu no Cretáceo Médio, foi composta de mamíferos mais
derivados, ou seja os verdadeiros mamíferos, incluindo os primeiros
térios.
[editar] Classificação
-
Modelos classificatórios para a classe
Mammalia já vem sendo
propostos desde 1693, quando John Ray subdividiu os mamíferos em dois
grupos: aquáticos ou cetáceos e terrestres ou quadrúpedes (apesar de
incluir os peixes-boi no último grupo). Modelos um pouco mais elaborados
foram propostos por
Linnaeus em 1758, e por
Lacépède em 1799.
Apenas muitos anos após a descoberta dos
monotremados (ca. 1790) e dos
marsupiais
australianos (ca. 1760), foi caracterizada a grande divergência quanto
aos aspectos dos sistemas reprodutores entre esses dois grupos e os
placentários. Em
1816,
Henri Marie Ducrotay de Blainville dividiu os mamíferos, com base nessas características, em duas subclasses: os monodelfos (
placentários) e os didelfos (
marsupiais e
monotremados). Em 1834, o autor manteve a designação difelfos para os
marsupiais e transferiu os
monotremados para uma terceira subclasse, a dos ornitodelfos.
Theodore Gill, em
1872, criou a divisão
Prototheria para incluir os ornitodelfos e a divisão
Eutheria para incluir os monodelfos (
placentários) e os didelfos (
marsupiais). O táxon
Eutheria de Gill foi posteriormente rebatizado de
Theria, sendo o
Eutheria mantido apenas para os
placentários.
George Gaylord Simpson
(1945), em seu "Principles of Classification and a Classification of
Mammals" apresentou uma classificação tanto de animais viventes como
espécies fósseis e suas inter-relações. Está classificação foi
universalmente aceita até ao fim do século XX. Ela trazia o seguinte
arranjo (simplificado):
Classe
Mammalia Linnaeus, 1758
- Subclasse Prototheria Gill, 1872
-
- Ordem Monotremata Bonaparte, 1838
- Subclasse Theria Parker & Haswell, 1897
- Infra-classe Metatheria Huxley, 1880
- Ordem Marsupialia Illiger, 1811
- Infra-classe Eutheria Gill, 1872
- demais ordens
Nos últimos anos, a classificação dos mamíferos vem sofrendo grandes
mudanças em função de dois fatores principais: a mudança da filosofia de
classificação e o avanço dos estudos moleculares.
A filosofia de classificação vem mudando gradualmente da escola de
Sistemática Evolutiva (Simpson 1945, por exemplo) para a Sistemática
Filogenética (McKenna e Bell 1997, por exemplo). A popularização da
utilização de seqüências de DNA (tanto nuclear quanto mitocondrial) para
inferir relações de ancestralidade e descendência tem revolucionado a
taxonomia, indicando grupos muitas vezes radicalmente diferentes das
visões tradicionais. A grande maioria dessas hipóteses vem sendo
confirmada com dados adicionais moleculares e/ou morfológicos, muitas
vezes incluindo fosseis. Diversos arranjos taxonômicos vêm sendo
debatidos, com visões opostas sendo defendidas por diferentes grupos de
pesquisadores. Por outro lado, vários consensos sobre a classificação
dos mamíferos foram alcançados nos últimos anos e encontram suporte em
uma variada gama de dados e análises.
A mais recente proposta de classificação baseada em estudos
moleculares propõe quatro linhagens ou grupos de mamíferos placentários,
que divergiram de um ancestral comum no período Cretáceo, apesar dos
registros fósseis ainda não terem corroborado com essa hipótese. Esses
achados moleculares são consistentes com os padrões de distribuição dos
mamíferos. Entretanto eles não refletem os dados morfológicos, em alguns
casos, e por isso não é aceito por muitos estudiosos.
Um marco recente na classificação dos mamíferos é a terceira edição
de Wilson e Reeder (2005), que apresenta uma listagem de todas as
espécies descritas de mamíferos viventes e recém extintos até 2003,
contabilizando 5 416. Entretanto, com o desenvolvimento de novos métodos
de análise molecular e a descoberta de novas espécies, esse número vem
aumentando a cada ano (2004 - 22 espécies; 2005 - 43 espécies; 2006 - 49
espécies; e 2007 - 28 espécies), contabilizando hoje cerca de 5 558
espécies. Entre os principais colaboradores para esse aumento estão a
ordem Chiroptera com 43; os roedores com 40; e os primatas com 36 novas
espécies.
Chave classificatória dos mamíferos vivente.
Classe
Mammalia.
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