sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Artrópode S2

Os Artrópodes (do grego arthros: articulado e podos: pés, patas, apêndices) são animais invertebrados caracterizados por possuírem membros rígidos, articulados, com vários pares de pernas, que variam em número de acordo com as classes. Compõem o maior filo de animais existentes, representados por animais como os gafanhotos (insetos), as aranhas (arachnida), os caranguejos (crustáceo), as centopeias (quilópodes) e embuás (diplópodes), somam mais de um milhão de espécies descritas ("apenas" mais de 890.000 segundo outros autores). Mais de 4/5 das espécies existentes são Artrópodes, que vão desde as formas microscópicas de plâncton com menos de 1/4 de milímetro, até crustáceos com mais de 3 metros de espessura. [1]
Os artrópodes habitam praticamente todo o tipo de ambiente: aquático e terrestre e representam os únicos invertebrados voadores. Existem representantes parasitas e simbióticos. Há registros fósseis de artrópodes desde o período Cambriano.

Anatomia dos artrópodes

Os artrópodes têm (1) apêndices articulados e (2) o corpo segmentado, envolvido num (3) exoesqueleto de quitina (números da imagem acima). Os apêndices estão especializados para a alimentação, para a percepção sensorial, para defesa e para a locomoção. São estas "patas articuladas" que dão o nome ao filo e que o separam dos filos mais próximos, os Onychophora e os Tardigrada[1].O exoesqueleto é uma camada de cutícula quitinosa que reveste externamente todo o corpo dos artrópodes. Ele apresenta placas articuladas e contínuas. A presença de fenol na placa a deixa mais rígida e com a cor mais escura.
Eles são animais metamerizados, isto é, têm corpo segmentado, mas sua metameria não é tão evidente como a dos anelídeos; isso porque sua metameria heteronôma: os metâmeros (segmentos) diferenciam-se durante o desenvolvimento, alguns deles fundindo-se para a formação de tagmas que, como nos insetos, são tipicamente:
Dentre as diferentes classes de artrópodes há casos em que dois ou mais tagmas se unem formando uma única peça como é o caso de certos grupos de crustáceos em que os tagmas cabeça e tórax se unem formando o cefalotórax e nos quilópodes e diplópodes em que o tórax se une com o abdômen formando o tronco. No subfilo Chelicerata os tagmas denominam-se prossoma (que corresponde ao cefalotórax) e opistossoma (que corresponde ao abdômen)
O primeiro segmento da cabeça é denominado ácron e normalmente suporta os olhos, que podem ser simples ou compostos. O último segmento do abdômen é terminado pelo télson. Cada segmento contém, pelo menos primitivamente, um par de apêndices.
Para poderem crescer, os artrópodes têm de se desfazer do exosqueleto "apertado" e formar um novo, num processo designado muda ou ecdise(é uma troca periódica do exoesqueleto, sendo o tempo e a quantidade de trocas variáveis de acordo com a espécie e as condições ambientais). O ponto de começo da ecdise é na linha de muda.
Por fazerem mudas, eles fazem parte do clado Ecdysozoa, que é um dos maiores grupos do reino animal, incluindo ainda os nematódeos, os Nematomorpha, os Tardigrada, os Onychophora, os Loricifera, os Priapulida e os Cephalorhyncha.
Diferentemente de anelídeos e moluscos,a excreção dos artrópodes é realizada por Túbulos de Malpighi,ou por glândulas especializadas, e não por nefrídeos.
Muitos grupos de artrópodes respiram por um sistema de traqueias, túbulos que abrem para o exterior através de poros na cutícula chamados espiráculos, e que se estendem por todo o corpo, promovendo a troca de gases.. Nos aracnídeos, existe também as chamadas filotraquéias ou pulmões foliáceos. Crustáceos respiram por brânquias e insetos aquáticos têm brânquias ligadas ao sistema de traqueias.
O sistema circulatório dos artrópodes consiste numa bateria de corações que se dispõem ao longo do corpo e que bombeiam a hemolinfa (o "sangue" destes animais na maior parte das vezes não contém hemoglobina, baseada em ferro, mas sim hemocianina, baseada em cobre), que se encontra banhando os tecidos. Nos insetos, os pigmentos respiratórios estão ausentes.
O sistema nervoso, de um modo geral, é como o dos anelídeos: gânglios cerebróides anterior dorsal, seguido de um par de nervos ventrais, com um par de gânglios por segmento. Porém nos artrópodes existe um alto grau de cefalização, o cérebro é formado pela fusão dos gânglios cerebróides, e tem três regiões distinguidas: o protocérebro, o deuterocérebro e o tritocérebro.
Os artrópodes são geralmente dióicos, com fecundação interna, utilizando de apêndices modificados para transferência de espermatozóides.
Embora alguns artrópodes tenham um padrão de desenvolvimento embrionário semelhante a dos anelídeos, na maior parte os ovos dos artrópodes são ricos em alimento e centrolécitos, a albummina, que fica no centro do ovo, deixando na periferia citoplasma sem albumina. Ocorre a clivagem superficial do ovo e o embrião desenvolve-se na periferia do ovo.
Os artrópodes são protostômios e possuem um celoma reduzido a um espaço à volta dos órgãos da reprodução e da excreção.

Classificação e filogenia dos artrópodes

Um grupo tão numeroso e diversificado, tanto em espécies atuais como extintas, como os artrópodes teria de ser necessariamente difícil de classificar, assim como de definir as suas relações filogenéticas.
Tradicionalmente, considerava-se que os artrópodes teriam tido origem nos anelídeos, por causa da semelhante segmentação do corpo. No entanto, estudos genéticos recentes mostraram que não é assim e que os filos mais próximos dos artrópodes são os Onychophora e os Tardigrada, formando um grupo monofilético: os Panarthropoda. Além disso, parece aceitável que estes filos e os restantes Ecdysozoa formam um clado monofilético. Os anelídeos, por outro lado, têm características embrionárias em comum com os moluscos e são atualmente classificados no clado Trochozoa (ou Lophotrochozoa, juntamente com os rotíferos e outros animais antes considerados pseudocelomados).
As relações internas de Arthropoda também são controversas. Parece haver consenso de que os animais possuidores de mandíbulas formem um grupo monofilético, os Mandibulata. No entanto, as relações dentro de Mandibulata ainda não estão muito claras, havendo duas hipóteses alternativas: - Atelocerata: (Crustacea, (Myriapoda, Hexapoda)) - Pancrustacea: (Myriapoda, (Crustacea, Hexapoda)). Por esta razão, se adotou aqui a classificação em cinco sub-filos, que é a mais aceita.
A subdivisão dos artrópodes em grupos que possam igualmente ser considerados clados é também contenciosa. Alguns autores consideram que os Hexapoda e os Myriapoda formam o clado Uniramia, com apêndices não divididos e que seriam um "clado-irmão" dos crustáceos, mas a filogenia destes grupos ainda não está bem estabelecida, pelo que se adotou aqui a classificação em cinco sub-filos, que é a mais aceita.
Como já foi referido, foram encontrados fósseis de artrópodes do período Cambriano, mas há indicações de que formas ainda mais antigas, pertecentes à “Biota Vendiana”, como os "Vendiamorfos" e os "Anomalocaridídeos" podem ter sido antepassados dos artrópodes atuais